O câncer de ovário, com 7.310 novos casos previstos para 2024 no Brasil, é o terceiro tipo de tumor ginecológico mais frequente e apresenta a menor taxa de sobrevivência entre os cânceres femininos. “É considerado um tumor silencioso, pois não apresenta sintomas específicos e carece de métodos eficazes de rastreamento”, explica Glauco Baiocchi Neto, presidente do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (EVA). Como reflexo disso, apenas 19% dos casos são diagnosticados na fase mais inicial, ainda restritos ao ovário, conforme aponta o levantamento SEER, dos Estados Unidos. O mesmo levantamento mostra que a taxa de mortalidade geral é de 50,9% (ou seja, apenas metade das mulheres segue viva após cinco anos de tratamento), porém, quando a doença é diagnosticada no início, essa taxa sobe para 91,9%.
Entre as estratégias para ampliar a taxa de diagnóstico precoce e, com isso, refletir em redução da mortalidade pela doença, está a identificação dos grupos de maior risco, com destaque para as mulheres que apresentam alguma mutação hereditária que resulta em maior predisposição para desenvolver a doença, como a do gene BRCA. “As alterações genéticas hereditárias podem ser identificadas em 25% das pacientes com câncer de ovário e a história familiar de câncer de mama e ovário deve sempre ser um alerta. Os testes genéticos são ferramentas essenciais não apenas para definir o tratamento, mas também para oferecer aconselhamento genético aos familiares, assim como cirurgias redutoras de risco ou rastreamento mais frequente, como foco no diagnóstico precoce”, acrescenta Baiocchi Neto.
As formas hereditárias de câncer possuem características específicas, incluindo a síndrome de câncer de mama e ovário hereditário:
– Diagnóstico de câncer de mama em uma ou mais mulheres antes dos 45 anos, ou qualquer diagnóstico de câncer de ovário, independentemente da idade.
– Diagnóstico de câncer de mama antes dos 50 anos em mulheres com histórico familiar de câncer, como câncer de próstata ou de pâncreas.
– Casos de câncer de mama e/ou ovário em várias gerações do mesmo lado da família, como avó e tia paterna diagnosticadas.
– Uma mulher diagnosticada com um segundo câncer de mama em qualquer uma das mamas, ou que tenha câncer de mama e ovário.
– Diagnóstico de câncer de mama em um parente do sexo masculino.
– Histórico familiar de câncer de mama, câncer de ovário, câncer de próstata e/ou câncer de pâncreas do mesmo lado da família.
– Ter ascendência Ashkenazi.
Os testes genéticos são fundamentais para estabelecer o diagnóstico molecular e criar diretrizes que melhorem o manejo de pessoas em alto risco. Contudo, é muito importante prestar atenção aos sintomas e priorizar a prevenção.
Sintomas de tumores ginecológicos
Embora muitos tumores se desenvolvam sem sintomas, especialmente nos estágios iniciais, a maioria apresenta os seguintes sinais:
Sangramento vaginal fora do ciclo menstrual;
Sangramento vaginal durante a menopausa;
Sangramento vaginal após relações sexuais;
Corrimento vaginal incomum;
Dor pélvica;
Dor abdominal;
Dor nas costas;
Dor durante a relação sexual;
Abdômen inchado;
Necessidade frequente de urinar;
Diagnóstico de câncer ginecológico – Ao suspeitar de câncer ginecológico, é necessário realizar uma série de exames detalhados para compreender o histórico da paciente e chegar a um diagnóstico preciso, incluindo:
Teste genético para todas as mulheres que têm carcinoma de ovário;
Ultrassom;
Radiografia;
Tomografia computadorizada;
Ressonância magnética;
Tomografia por emissão de pósitrons.
Após esses exames, uma biópsia é essencial para confirmar o diagnóstico e avaliar a natureza do tumor. O sistema de estadiamento varia, mas essas neoplasias geralmente são classificadas em quatro estágios, do inicial (Estágio I) ao mais avançado (Estágio IV).
O que fazer se houver histórico familiar de câncer de ovário?
A herança genética recebida da mãe ou do pai não apenas determina as características físicas, mas também influencia o risco de desenvolver determinadas doenças. Portanto, se houver histórico familiar de câncer de ovário, é aconselhável procurar uma Unidade de Aconselhamento Genético para avaliar o risco individual. No aconselhamento genético se analisa possíveis alterações em genes associados ao desenvolvimento de várias doenças, e as informações fornecidas podem ajudar a monitorar a saúde e tomar medidas preventivas ou terapêuticas.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MELINA FERRAZZO BANDEIRA
melina@sensucomunicacao.com.br